
O dia começa cedo para a minha mãe. Faz os doces que só ela sabe fazer, porque lá em casa mais ninguém tem o mesmo jeito para essas coisas. Depois ela chama-me para a ajudar em alguma coisa e eu respondo:
- Tenho cenas para fazer!
- Que cenas?
- Cenas várias!
Mas acabo por ir ajudá-la.
Durante a tarde aparecem familiares que não vão passar a consoada connosco, mas que querem vir ver-nos e trazer chocolates. E eu também vou visitar a minha afilhada e deixar-lhe um presente para abrir logo à noite.
Ao fim da tarde a casa começa a encher-se. Chegam os meus tios e os meus primos. Gosto deles. Chega o meu avô também. Ele tem a mania de querer cumprimentar toda a gente com beijinhos e abraços, mas os beijinhos picam sempre muito porque a barba não é bem feita, e deixa-me com a cara vermelha. Já os abraços, ele não tem noção da força que faz com pessoas da minha estatura, o que faz com que me sinta esmagada...
Comemos o bacalhau que só o meu pai sabe fazer. É o único que consigo comer. Está sempre toda a gente contente. Volta e meia há gargalhadas porque o pessoal tem a mania que é piadético.
No final do jantar, depois de arrumada a cozinha, sentamo-nos à lareira. Nunca ninguém consegue esperar pela meia noite, por isso é nesta altura que distribuímos os presentes.
Às vezes vamos ainda ao centro da vila onde há sempre uma fogueira grande. Ou então ficamos em casa a conversar ou a jogar até vir o sono.
É bom ter um Natal assim.