Quando andava na escola primária havia uma menina que era conhecida por ser burra e estúpida. Mas ela não tinha culpa de ter nascido assim (só tinha culpa de roubar os colegas, mas isso são outras histórias).
À medida que os anos foram passando, fomos desenvolvendo certas capacidades. Mas ela continuava burra e estúpida. As únicas capacidades que me pareciam que ela tinha desenvolvido foram as de fumar, fugir de casa, engravidar e ter de voltar para casa, e atirar-se a quantos gajos conhecia.
Com o 9º ano tornou-se difícil arranjar emprego. Conseguiu numa fábrica. Mas era tão preguiçosa que foi despedida. Os pais foram lá pedir desculpas e a fábrica deu-lhe nova oportunidade. Aliás, várias oportunidades. Passou por todos os sectores, e não fazia nenhum. Acabou por voltar a ser despedida quando foi apanhada no marmelanço com outro operário em horário de expediente.
Continuou a concorrer para vários empregos, mas com aquela fama, ninguém lhe dá emprego. No último resultado do último concurso, como seria de esperar, não entrou. Quando a mãe viu, disse-lhe à frente de toda a gente: Vês, nem para arranjar emprego serves, tu não te sabes chorar!!
A rapariga até pode ser um desastre, mas também escusava de lhe dizer aquilo assim na rua. Quer dizer que para a mãe o que interessa não são as capacidades de trabalho de uma pessoa, mas sim as capacidades de se saber chorar.